quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A fonte da Divina Providência

Quando mais nova, fui matriculada no Colégio da Divina Providência, no Ahú de Baixo. O ano era 1996. Eu, então com 10 anos, estava a cursar a 5ª série.

Recém transferida de uma escolinha provinciana e bairrista, perdida nos cafundós do Boa Vista, a 'nova escola' revelava para mim, a cada dia, uma realidade desconhecida e curiosa.

Dali, o que mais me impressionava eram as particularidades do espaço físico. O Divina Providência quedava onde, nos anos 40 e 50, a todo fervor e glamour, funcionava o famoso Cassino do Ahú. Em 1952, as irmãs da congregação que dava nome ao colégio, compraram o terreno da luxuosa casa de jogos. E instalaram, além da nova sede da instituição de ensino, o lar provincial das freirinhas - chamado de provincialado.

De herança do cassino, restaram, além do pomposo salão, as instalações de uma piscina olímpica. Nos corredores do colégio, rondavam antigas lendas de que muitos apostadores, após derrotas e falências nos jogos de azar, ali tentaram suicídio. Alguns, de fato, obtiveram êxito! Em 96, no entanto, a piscina já não mais impelia medo ao imaginário das criancinhas divinenses: estava vazia e desativada há mais de 15 anos.

Mas a minha curiosidade era, deveras, despertada e instigada por um outro lugar do colégio. Uma espécie de manancial coletivo; era cercado por uma mui antiga construção com altas janelas, adornada por azulejos em sua face externa, os quais formavam um grande painel com a imagem de dois índios bebendo água de uma nascente. De dentro daquela estrutura, saía uma tubulação que, por fim, desembocava em uma bica, que jorrava água pura e cristalina.

Durante incontáveis recreios junto à bica, meus pensamentos corriam longe. "Teriam índios também bebido da fonte da Divina Providência"?

As dúvidas da infância só foram, em parte, respondidas quando, alguns anos mais tarde, tive acesso ao 17º fascículo da "Coleção Bairros de Curitiba", de autoria do viajante das entranhas curitibanas, o Urbenauta.

Em tempo: o título do tal volume? Ahú e São Lourenço: Da Fonte a Providência. Vale a leitura. E digo: não apenas aos ex-freqüentadores do cassino, antigos alunos do Divina ou irmãzinhas do provincialado!

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