sábado, 20 de outubro de 2007

Urbenauta - Contos de Cemitério

Era o tempo em que o Haroldo Perolla (Perolinha) ainda estava namorando. O Diário da Tarde, constantemente noticiava as aparições de uma "noiva fantasma" no Cemitério da Água Verde. Teria ela sido abandonada por um noivo fujão, morrido de desgosto e a partir de então fadada a navegar pelo mundo terreno em busca de um noivo que a acompanhasse eternamente? Mesmo os solteiros mais atiradinhos não pensavam em responder à pergunta e desviavam o cemitério nas noites de lua cheia, nova, minguante e crescente. Numas dessas luas, o Perolla voltava da casa da namorada e esqueceu de evitar o cemitério. Lá estava o véu da noiva tremulando no muro do cemitério. A coragem e a preguiça de retornar até a Iguaçu para encontrar com a Bento Viana o levaram a enfrentar a situação. Disse: "-Que seja o que Deus quiser!!"- e andou em direção à noiva. Deu alguns passos e a encontrou. O reflexo de um Jornal da Tarde atiçado pelo vento era o véu da "noiva fantasma". Até hoje o Perolla se orgulha de tê-lo desvendado e o que é melhor, ter cortado um "baita caminho".

Escolhi este texto do sr. Urbenauta, pois trata de um dos mitos mais recorrentes das histórias urbanas: a noiva do cemitério. Não é mágica a contraposição de busca do amor, através do enlaçe matrimonial e sua decorrente finitude em morte trágica? Na seqüência, o personagem desmascara a fraude apontando ser o véu uma mera edição do jornal verspertino. Estranho. Vale o confronto casamento e abandono.